
O Dia do Orgasmo, comemorado em 31 de julho, vai além de uma simples efeméride. A data abre espaço para que entrem em pauta conversas urgentes sobre saúde sexual e bem-estar feminino, inclusive para mulheres que estão no climatério, fase de transição que antecede a menopausa e que pode se iniciar por volta dos 45 anos, se estendendo por até duas décadas.
Com a queda progressiva dos níveis de estrogênio e progesterona, é comum que mulheres no climatério enfrentem sintomas como ressecamento vaginal, redução da libido, alterações de humor e dor durante as relações sexuais. Embora naturais, essas manifestações não devem ser encaradas como inevitáveis: há iniciativas seguras e eficazes de tratamento que promovem qualidade de vida, além de ampliar a autoestima e o bem-estar físico e emocional.
“É preciso desmistificar a ideia de que o prazer acontece apenas no ciclo reprodutivo. O orgasmo não só continua possível após os 50, como pode se tornar ainda mais intenso. Para que isso aconteça é importante haver uma reconexão com o próprio corpo e abandonar alguns tabus, voltando a atenção para solucionar os sintomas que causam desconforto nessa fase da vida”, explica Dra. Jackeline Barbosa, vice-presidente da área médico-científica da Herbarium, indústria farmacêutica referência em fitoterápicos.
O corpo muda, mas o prazer não precisa acabar
Embora muitas vezes confundido com a menopausa, o climatério é uma fase mais ampla, que abrange os anos que antecedem e sucedem à última menstruação. A redução gradual dos hormônios sexuais femininos pode provocar uma série de alterações no corpo e na mente da mulher, como queda do desejo sexual, insônia, irritabilidade, ondas de calor, perda da elasticidade vaginal e maior propensão à infecções urinárias recorrentes. A longo prazo, o climatério também está associado a um aumento do risco de doenças cardiovasculares e osteoporose.
“Essas mudanças, no entanto, não significam o fim da vida sexual, e não devem ser encaradas como tal. Com informação de qualidade e acompanhamento adequado, é perfeitamente possível manter uma vida íntima ativa, saudável e prazerosa”, reforça a médica.
Desinformação ainda é uma barreira para o prazer
Para muitas mulheres, a falta de informação segue sendo um dos principais obstáculos para viver a sexualidade de forma plena após os 50. “Ainda há pouco conhecimento sobre os recursos disponíveis para aliviar os sintomas do climatério e manter o equilíbrio íntimo”, explica Dra. Jackeline.
Entre os tratamentos mais comuns e acessíveis, a especialista destaca a reposição hormonal que, quando indicada por um profissional da saúde, pode aliviar desconfortos físicos e emocionais. Também ganham destaque os géis hidratantes íntimos com ativos vegetais, que auxiliam na restauração da umidade natural da mucosa vaginal e proporcionam mais conforto durante as relações sexuais. Já a fisioterapia pélvica é outra aliada importante, pois fortalece a musculatura do assoalho pélvico e contribui para a melhora da resposta sexual.
“Manter uma alimentação saudável, praticar atividade física e beber cerca de 2 litros de água diariamente são iniciativas essenciais para alcançar qualidade de vida, inclusive na vida íntima. Conhecer o próprio corpo e manter o acompanhamento ginecológico mesmo após a menopausa também são atitudes essenciais. Nenhuma mulher deveria abrir mão do prazer por falta de informação ou apoio profissional”, alerta.
Sexo muda, mas não deixa de existir
Embora a frequência das relações sexuais tenda a diminuir com o passar dos anos, isso não significa o fim do desejo ou da intimidade. Segundo levantamento do Instituto Kinsey de Pesquisa em Sexo, Gênero e Reprodução pessoas entre 18 e 29 anos têm, em média, 112 relações sexuais por ano. Entre os 30 e 39 anos, a média é de 86, e a partir dos 40 anos, cai para 69. A queda é natural e reflete mudanças no ritmo de vida e no corpo, mas não significa perda de conexão ou prazer.
“É importante entender que essa redução não se deve apenas às mulheres. Muitos homens também passam por mudanças fisiológicas com o avanço da idade, como disfunções eréteis, que afetam o relacionamento sexual do casal”, observa Dra. Jackeline. “Ainda assim, para quem deseja manter a intimidade ativa, vale reforçar que o orgasmo é um recurso poderoso de saúde, pois melhora o humor, libera endorfinas, fortalece o sistema imunológico e estimula a circulação. Retomar o prazer nessa fase é também uma forma de autocuidado”, esclarece.
Para Dra. Jackeline, o caminho para alcançar o prazer no climatério começa pelo autoconhecimento e pela escuta ativa das próprias necessidades. “Entenda o que funciona para você. Reflita sobre o que gosta, o que quer, o que está te bloqueando. Só com esse olhar honesto será possível ampliar o prazer e vivenciar os melhores orgasmos”.
Mais do que uma celebração, o Dia do Orgasmo representa uma oportunidade de ressignificar a sexualidade feminina com menos culpa e mais informação. “A mulher madura possui experiência e autonomia para viver o prazer com plenitude. O autoconhecimento é o ponto de partida. Entender os seus desejos, reconhecer o que traz bem-estar e identificar o que precisa ser ajustado é fundamental para alcançar os melhores orgasmos. A sexualidade feminina não tem prazo de validade. Ela deve ser vivida com autonomia, liberdade e prazer em todas as fases da vida”, conclui.
Pâmela Moretti 11 980853230 [email protected]